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Procedimentos de Segurança em Aviões

Poltronas na vertical, mesinha fechada e travada, cintos afivelados. Você certamente já se perguntou o porquê destes e outros tantos cuidados, não é? Pois aperte o cinto e descubra como e porque cada um deles é indispensável! #apertemoscintos #poltronasnavertical #livredecolagem #vamosvoar #curiosidade #avião

Se você nunca viajou de avião, ao menos já ouviu falar que, para voar, existem algumas regras e procedimentos um pouco diferentes de outros transportes, como o rodoviário ou férreo, por exemplo. Mas antes de explorar os procedimentos em si, é necessário entender como se chegou até aqui, como a aviação consegue ser o segundo meio de transporte mais seguro do mundo, atrás apenas do elevador (sim, ele é o meio de transporte mais seguro do mundo!).


Primórdios da Aviação

Mas a aviação nem sempre foi segura, aliás, muito pelo contrário. Costuma-se dizer no meio aeronáutico que "a segurança de voo custou muito sangue". De maneira geral, cada acidente aeronáutico levou à criação ou aperfeiçoamento de algum equipamento de bordo, procedimento ou regra. Dada a falta de tecnologia, de experiência e até de conhecimento, voar era uma aventura nos anos 1920. Os aviões eram lentos, voavam baixo, suas cabines não eram pressurizadas - resultando em um frio intenso - e bastante barulhentos, além de extremamente precários em termos de instrumentos de bordo, se comparados aos aviões atuais. Não havia, por exemplo, um radar meteorológico, indispensável atualmente. Como voavam mais baixo, as aeronaves enfrentavam condições meteorológicas severas, sem qualquer maneira de monitorá-las, além de visualmente. Isso resultou em muitos acidentes por condições atmosféricas adversas, como baixa visibilidade, por exemplo.


Cockpit Estéril e Cabine Pronta

Para entender os momentos em que os procedimentos de segurança são importantes, é preciso também entender os conceitos de Cockpit Estéril e Cabine Pronta. Cockpit Estéril significa que a cabine de comando deve ficar estéril à interferências externas, exceto o estritamente necessário ou emergências. Este procedimento geralmente ocorre do fechamento das portas no solo até 10.000 pés de altitude durante a subida e de 10.000 pés (3.000 metros) até a abertura das portas durante a descida. Nestas fases, os comissários apenas chamarão os pilotos se acontecer algo que comprometa a segurança do voo, como por exemplo um passageiro recusando-se a colocar o cinto, um cheiro de fumaça ou um atraso na preparação da cabine, que veremos a seguir. A cabine de passageiros é mantida segura por meio dos comissários. Ao contrário do que se imagina, a função deles é, primariamente, de um agente de segurança. Assim que as instruções de segurança são exibidas em telas ou feitas pessoalmente por eles, os comissários fazem o cheque da cabine, que consiste em uma varredura visual, verificando se todos estão com os cintos afivelados, se os assentos estão na posição vertical, se as mesas estão fechadas, se as bagagens estão acomodadas, se os corredores e saídas estão livres e se há qualquer outro fator que possa colocar em risco a segurança de voo, como a presença de um passageiro no banheiro, por exemplo. Quando o cheque é finalizado, o Chefe de Cabine (ou Chefe de Equipe, conforme a empresa) comunica aos pilotos que a cabine está pronta. Com esta informação, a decolagem pode ser iniciada a qualquer momento, uma vez terminados os checklists previstos.

Na descida, geralmente ao cruzar 10.000 pés, o aviso “tripulação, preparar para o pouso” é dado pelos pilotos. Neste momento, os comissários iniciam o mesmo cheque de cabine para o pouso. Com a cabine pronta, a aeronave é considerada preparada para uma eventual emergência, pois a evacuação será a mais rápida possível, caso seja necessária. Vale lembrar que os avisos e momentos exatos em que são feitos, pode variar de uma empresa para a outra, pois adequam cada um deles para sua realidade operacional, podendo deixá-los mais conservativos que os mínimos previstos nos regulamentos, nunca menos.


Apertando o cinto

O cinto de segurança em um avião tem a mesma função que em um carro: prender o ocupante ao assento para que, em uma eventual colisão, ele não seja arremessado e venha a machucar-se. Se um carro andando a 20 km/h bater em um objeto parado, a força sobre os ocupantes é de 15 vezes o seu peso, podendo resultar em ferimentos graves e até fatais. Considerando que uma aeronave comercial moderna voa com velocidade aproximada de 900 km/h (em cruzeiro), a força resultante seria de 675 vezes o peso dos ocupantes. Um ser humano adulto consegue suportar, no máximo, 3 vezes o seu peso. Agora imagine uma aeronave enfrentando uma turbulência nesta velocidade. O efeito é o mesmo que um carro passando muito rápido em um buraco, uma força em outro sentido que não o de deslocamento (para baixo e/ou para cima) e quanto maior a velocidade, maior será esta força. Logo, tudo o que estiver solto neste avião poderá ser arremessado violentamente.


Durante pousos e decolagens os cintos de segurança devem estar afivelados e ajustados (um cinto frouxo também não garante a segurança), pois são nessas fases do voo que a aeronave pode sofrer as maiores desacelerações. No pouso é óbvio, um jato comercial toca o solo com velocidade média de 250 km/h, resultando em uma desaceleração intensa na maioria dos pousos. Mas ao atingir uma velocidade baixa, ou quando os reversores são fechados, muitos já soltam seus cintos. Jamais deveriam fazê-lo. A velocidade de taxi é, em média, de 20km/h, mas podendo chegar até 60km/h. Como o avião é grande, tem-se a falsa sensação da velocidade ser mais baixa do que realmente é. E como não se sabe a velocidade, o mais seguro (e obrigatório por lei!) é manter os cintos afivelados até que os avisos se apaguem. Bom lembrar também que, caso sofra algum ferimento por estar sem cinto de segurança, com o aviso ligado, o passageiro será responsabilizado, pois não seguiu uma instrução de segurança obrigatória. Já durante a decolagem, se tudo correr bem, o cinto parecerá inútil, mas se houver uma rejeição de decolagem (parada brusca do avião), os objetos e pessoas soltos serão arremessados com força, por isso o cinto de segurança é indispensável também durante a decolagem. Caso haja a necessidade de uma evacuação da aeronave, a tripulação dará a instrução para soltar o cinto. Por isso, esteja sempre atento às instruções da tripulação!

O aviso de atar cintos é controlado pelos pilotos, e é ligado com o avião ainda no solo, logo que o abastecimento de combustível é finalizado. Isso ocorre porque não se pode manter o cinto afivelado durante o abastecimento de combustível, pois em caso de fogo neste momento, as pessoas poderiam ficar presas e não conseguiriam sair a tempo da aeronave, portanto, deve-se sempre aguardar o término do abastecimento e o aviso acender para afivelar o cinto.

Quando em voo, o aviso de cinto normalmente é desligado a 10.000 pés de altitude, variando conforme as políticas de cada companhia. Nos Estados Unidos por exemplo, muitas companhias mantém o aviso de atar cintos o tempo inteiro ligado. Quando o aviso é desligado pelos pilotos, significa que já se cruzou 10.000 pés e/ou que não há previsão de turbulência (em voos curtos ou sem turbulência, pode-se desligar antes). Mas a qualquer momento a aeronave pode sofrer uma turbulência de céu claro por exemplo, quando não há como saber de sua existência até enfrentá-la. Existem previsões meteorológicas muito precisas hoje em dia, tanto que no plano de voo é informada a turbulência prevista para a rota. Mas são apenas previsões, tudo pode mudar e, caso aconteça, é melhor estar seguro. Cintos afivelados sempre!



Poltronas na Vertical e Mesas Fechadas

Para que seja homologada, uma aeronave precisa ter a capacidade de evacuar totalmente os ocupantes em 90 segundos, por somente metade das saídas. As chances de sair ileso de uma aeronave em chamas (pior cenário) diminuem a cada segundo, tornando-se mais difícil andar ou respirar dentro de um avião nestas condições, afinal, fumaça fica rapidamente densa, ao ponto de não se enxergar nada. Por isso a necessidade de sair do avião no menor tempo possível e, caso o fogo ou a água (se ali pousar), comprometam um dos lados da aeronave, todos devem conseguir sair pelo lado oposto, o que é garantido por utilizar apenas 50% das saídas na homologação.

Como já foi dito, as poltronas devem estar na posição vertical durante pousos e decolagens, com suas mesas fechadas e travadas. Esta medida visa algo muito simples: espaço para sair, caso haja uma emergência. Se você já precisou ir ao banheiro durante o voo, sabe a dificuldade que é para sair da poltrona. Agora imagine sair do lugar com a aeronave em chamas, mas a poltrona da frente reclinada, mesinha baixada e bolsas pelo chão. O resultado seria trágico. Logo, todas as passagens para as saídas devem estar livres durante decolagens e pousos, pois podem ser simplesmente a diferença entre viver ou não em uma emergência.


Há ainda outro fator crucial durante emergências: bagagens. O motivo é simples, saídas livres. Em 2019, um Sukhoi Superjet 100 pegou fogo após um pouso mal sucedido em decorrência de uma emergência, sendo necessária uma evacuação. Infelizmente 41 pessoas morreram, e o que também chama a atenção é que os passageiros sobreviventes saíram com suas bagagens de mão do avião! Os segundos que estes passageiros levaram para retirar suas bagagens ou carregarem seus pesos teriam poupado mais vidas. Logo, deve-se esquecer que existem bagagens ao evacuar uma aeronave, pois cada segundo salva vidas!


Portanto, todos os procedimentos e avisos dados pelos tripulantes são cruciais para a segurança do voo. Segui-los não é apenas uma obrigação por lei, mas também cuidar das vidas de todos à bordo.

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